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DISCUSSÃO

DISCUSSÃO

Foi realizado atendimento de uma felino, SRD, 9 anos, macho, castrado, pelagem branca, pela equipe do Laboratório de Oftalmologia Comparada, FMVZ-USP, com queixa principal de cegueira total progressiva há 2 anos, iniciado com quadro de nictalopia e piora progressiva. Foi realizado exame oftálmico completo incluindo teste de schirmer, teste de fluoresceína, biomicroscopia com lâmpada de fenda, tonometria, sem alterações, incluindo os reflexos pupilares a luz, direto e consensual. Após midriase medicamentosa, com instilação de tropicamida 1% colirio (MYDRIACYL) foi realizado a avaliação retiana pela oftalmoscopia indireta. Na avaliação fundoscópica foi descrito hiperreflexia tapetal generalizada em grau avançado, ausência de vasos retinianos e descoloração papilar. O paciente foi encaminhado para o exame eletrorretinográfico, onde foi constatado ausência de resposta de cones e bastonestes, sendo assim, foi determinado um quadro de degeneração retiniana, como descrito em ref 2 e 4. Posteriormente, o paciente foi submetido ao exame de tomografia de coerência óptica com finalidade de determinar mensurações e alterações morfológicas retinianas.

Algumas causas de cegueira em gatos são citadas em ref 4, como atrofia progressiva de retina (APR), o glaucoma, descolamento da retina, panuveíte, isquemia retiniana secundária à hipertensão arterial sistêmica, deficiência de taurina, retinopatia tóxica, causada pela alta dose de enrofloxacina, ou até mesmo uma cegueira de caráter central.

Através da anamnese, exame clínico e eletrorretinografia concluiu-se que o quadro é compatível com APR.

A APR é um termo coletivo usado para agrupar doenças de degenerações ou displasias retinianas que causam cegueira nos animais (ref. 1). É uma afecção bem comum em cães, porém já descritas em outras espécies, no entanto, em gatos é uma doença incomum quando comparada aos cães (ref 4).

Quatro tipos de APR já foram descritos em algumas raças de gatos por envolvimento genético, sendo o mais comum alterações relacionadas a raça Abyssinian (ref 1). Casos isolados em outras raças já foram descritas, incluindo nos Siameses, Persas, African Black-footed, Somali, em geral com envolvimento genetico bem estabelecido (ref 3,4,5).

Inicialmente temos alterações de descoloração acinzentada mais evidentes na periferia do tapetum e com a progressão da doença temos uma descoloração generalizada, quando em casos mais severos incluem hiperreflitividade tapetal e atenuação ou ausência vascular (ref 2.)

O exame de tomografia de coerência óptica (OCT) permite a realização de cortes ópticos trans­versais da retina, gerando imagens de alta resolução, que se aproximam da resolução obtida na microscopia óptica, enriquecendo a avaliação morfologica retiniana (ref 6). Este exame, para a avaliação retiniana, funciona como uma microscopia in vivo permitindo realizar mensurações, avaliar sua constituição e integridade estrutural ( ref 7).

O paciente foi submetido ao exame de OCT, após sedação com dexmedetomidina e midríase medicamentosa com tropicamida 1% colirio. Foi realizado escaneamento da retina com os protocolos lines, raster lines e radial lines. Foi observado irregularidade e perda de definição das camadas retinianas, além de um afinamento importante na mensuração da retina total. As mensurações da retina total periférica mostraram 60% de adelgaçamento comparado a uma retina normal, já na área peripapilar houve afinamento em média de 35%, compativeis com a suspeita diagnóstica de APR.

O exame de OCT, mostrou-se importante na melhoria da avaliação das lesões retinianas, tanto na avaliação estrutural como para mensurações. Trata-se de um exame com restrições na medicina veterinária devido custos, porém deve-se enfatizar sua importância para estabelecer diagnósticos e prognósticos de doenças retinianas.

Para a APR não há tratamento que possa reverter os danos causados em um animal acometido pela doença (ref 4). Porém alguns estudos mostram o uso de suplementos vitaminicos para retardar a evolução da doenças, pois diminuem a incidência do estresse oxidativo fisiológico, causado pelo envelhecimento, pela exposição à luz ultravioleta e pelo próprio metabolismo celular, além de retardar o estresse oxidativo causado pela APR (ref 8). Em casos avançados de APR não há tratamento possível, sendo necessário apenas realizar o acompanhamento da evolução da doença (ref4).

DMU Timestamp: September 03, 2020 08:33





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